
Bruno de Carvalho já anunciou que o rigor orçamental continuará a ser a política do Sporting e que o plantel para 2014/15 sofrerá apenas ligeiros retoques cirúrgicos. Outra coisa não seria de esperar de um clube que continua a viver uma situação muito difícil – que os milhões da Champions não chegam sequer para mascarar – e que, ainda por cima, não é dono de boa parte dos passes das suas principais estrelas.
Mas os responsáveis do Sporting também saberão que na próxima época a exigência que a equipa vai enfrentar se situará muito para lá das 35 partidas oficiais que fez na temporada em curso, pelo que a escassez de opções pode ser um problema sério que o viveiro de Alcochete, por si só, não resolverá.
Ainda assim, a ideia segundo a qual o Sporting esta época se fez à custa de milagres no recrutamento não corresponde à realidade. Maurício, Montero e Slimani foram grandes achados (bons e baratos) e Jefferson uma confirmação, para contrabalançar com falhanços como Gerson Magrão, Piris ou Welder (ainda que com a vantagem de também estes terem chegado ao preço da chuva).
No entanto, muito da força da equipa se deveu à recuperação de jogadores da casa, como William Carvalho, à subida de rendimento de outros que já lá estavam, como Adrien, André Martins, Cédric ou Rojo, e à eclosão do talento puro de Carlos Mané. Fatores com uma enorme responsabilidade de Leonardo Jardim, que os fez crescer a todos, pelo que o primeiro passo para a construção de um Sporting europeu terá sempre de passar pela continuidade do treinador.
Depois, com essa base garantida, a capacidade do Sporting de 2014/15 dependerá sempre da manutenção da política desportiva agora iniciada (base da formação, com reforços capazes de fazer a diferença) e da sua afinação. Dependerá, primeiro, de se saber quais das estrelas desta época saem. Rui Patrício ou William, por exemplo, parecem bastante mais difíceis de substituir do que Rojo, Adrien ou qualquer dos extremos do plantel. Dependerá, depois, da escolha dos jogadores a fazer regressar a casa: além de João Mário e Viola, poucos ou nenhum parecem estar já à altura do desafio.
Dependerá, em seguida, da decisão acerca dos elementos da equipa B a fazer subir ao grupo principal (Wallyson? Iuri? Dramé?) ou a emprestar, numa época em que as opções terão de ser sempre mais do que as 15 ou 16 que efetivamente estão à disposição de Jardim na temporada em curso.
Neste contexto, já se percebe que, além de colmatar eventuais saídas, o Sporting terá de contratar três ou quatro reforços verdadeiros, daqueles que chegam e discutem de caras um lugar no onze. Um central, um lateral multiusos, um médio de classe e abrangência e mais um ponta-de-lança. Tem a palavra a carteira.