É com muito orgulho que o jogador do D. Kiev olha para o clube que lhe deu a oportunidade de se estrear na Champions em 2006. Só por isso, não aguentaria reencontrar o leão na prova europeia.
RECORD – Em 2006/2007 fazia parte do plantel que regressou à Liga dos Campeões após 3 anos de ausência. Que recordações guarda dessa temporada em Alvalade?
MIGUEL VELOSO – Foi o regresso do Sporting à Liga dos Campeões e nessa temporada tive a oportunidade de fazer parte da equipa que atuou logo no primeiro jogo, frente ao Inter. Senti-me bastante realizado como jogador, pois é a maior competição do Mundo a nível de clubes.
R – Na época anterior representava o O. Moscavide. Qual o impacto de passar das divisões inferiores para a grande “montra” do futebol?
MV – Foi importante ter esse impacto, sem dúvida. Qualquer jogador só evoluiu jogando e jogando contra os melhores. Felizmente tive essa oportunidade. De poder jogar contra grandes clubes como eram o Inter e o Bayern Munique, outra das equipas que estavam no nosso grupo. Foi um sonho tornado realidade.
R – Nessa época, o plantel era composto por muitos jogadores da formação do clube. O que vos foi pedido num ano em que o grau de exigência aumentou bastante?
MV – Um clube como o Sporting luta sempre para ser campeão nacional e para chegar o mais longe possível nas provas internacionais, seja na Liga Europa, seja na Liga dos Campeões. Tem de haver sempre esse tipo de exigência e a nossa era fazer o melhor. Sabíamos que tínhamos um plantel composto por muitos jogadores da formação mas o nosso objetivo era chegar o mais longe possível e poder atuar contra as melhores equipas. Foi exatamente isso que fizemos.
R – O Sporting termina a Liga desse ano no 2.º lugar a 1 ponto do FC Porto. A Champions pesou?
MV – Penso que não. Nada prejudicou a nossa prestação a nível interno. O nosso plantel era composto por jogadores jovens, sim, mas também por jogadores bastante experientes. Na altura o plantel era equilibrado na medida em que havia a irreverência dos mais novos e a experiência dos mais velhos, digamos assim. Fizemos uma excelente época: ficámos apenas a um ponto do FC Porto e ganhámos a Taça de Portugal frente ao Belenenses. Foi um ano inesquecível.
R – Tinha apenas 19 anos quando se estreou na Liga dos Campeões. Qual foi a sensação e o sentimento quando ouviu o hino no relvado?
MV – Recordo-me que dormi com alguma ansiedade, não dormi muito bem. Sabia que era um jogo importantíssimo e um sonho a tornar-se realidade. Tudo acabou por terminar bem, com a vitória por 1-0 sobre o Inter. Atuar na Liga dos Campeões na altura – e sendo eu tão jovem – foi uma sensação única, inexplicável. Na altura, quando ouvimos o hino, foi uma sensação incrível. Não tenho palavras que o consigam descrever.
R – O Sporting de Leonardo Jardim apurou-se para a próxima edição da prova. Há 9 meses atrás, imaginava que 2013/14 pudesse ser tão positivo para o “ano zero” do clube?
MV – Quero sempre que o Sporting seja campeão, que chegue o mais longe possível nas competições europeias e que ganhe qualquer tipo de competição na qual esteja inserido. A época anterior à que agora termina não correu tão bem, foi uma das piores da história do clube. Contudo, tive sempre confiança e sabia que algo teria de mudar obrigatoriamente. Ainda bem que assim foi. Há que dar os parabéns aos jogadores, equipa técnica e direção pelo excelente trabalho que estão a realizar.
R – O “seu” Dínamo ainda luta por um lugar de acesso à prova. Gostaria de reencontrar o Sporting?
MV – Estamos na luta para estarmos presentes na próxima edição da Liga dos Campeões, um objetivo que temos todos os anos. Encontrá-los? Para ser sincero não, pois é o meu clube, o clube que me formou como jogador e como homem. Mas é bom saber que o Sporting voltou aos grandes palcos da Europa. É um feito.
R – Acha que este elenco estará à altura das exigências que o regresso à Champions irá trazer?
MV – Tenho essa confiança e esse desejo. Este ano foi uma autêntica demonstração de força. A formação do Sporting voltou a provar que é uma das melhores do Mundo, pois de lá saem quase sempre grandes jogadores. Há que dar os parabéns. Se continuarem assim, a apresentar futebol de qualidade e com uma enorme atitude, podem chegar longe em todas as provas que disputarem.
R – Atuou como titular no jogo na Allianz Arena que acabou com a goleada do Bayern Munique (7-1). Foi um dos piores jogos que já disputou na carreira?
MV – Sim, sem dúvida. Lembro-me que quando acabou o jogo o balneário estava de rastos. Estávamos todos muito tristes pelo resultado, pela exibição e por não termos feito aquilo que desejaríamos ter feito. Pior do que um resultado de 7-1 seria quase impossível. Correu tudo mal mas é futebol e as coisas nem sempre correm como nós gostaríamos. Foi um resultado pesado. Ainda assim, penso que reagimos bem e o importante mesmo foi levantar a cabeça e continuar a trabalhar. Perdemos mas penso que conseguimos dar a volta por cima.
Foram a maior vergonha de Portugal nesse ano na champions