Haja o que houver, e tem havido sempre tanta trapalhada neste futebol português que é tão único nas suas especificidades, azede a conversa por onde azedar, e não têm faltado pretextos para tal, a atitude de Leonardo Jardim é de homem equilibrado, que mede as palavras, diz o indispensável e quase sempre com bom senso, o que o torna ótimo exemplo de como se deve estar neste nosso futebol, onde por tudo e nada se reclama e é difícil acertar.

Jardim tem sido, sem qualquer dúvida, diferente, apesar de a sua vida desportiva não lhe correr tão bem como ele com certeza gostaria. Assim fossem Jorge Jesus e Paulo Fonseca, que encontram muitas das vezes desculpas esfarrapadas para as suas próprias limitações. Ponhamos, pois, os olhos e os ouvidos no treinador do Sporting. Este míster é um senhor.

O exemplo mais recente prende-se com o afastamento do seu clube das meias-finais da Taça da Liga. Jardim pôs o dedo na ferida, ao dirigir a sua crítica institucional, saudável ou positiva, para a Liga, sugerindo que “estes jogos comecem todos à mesma hora”. A grande falha é, objetivamente, da Liga, que deveria ter a obrigação de assegurar esse elementar princípio, o que era fácil, bastando-lhe apenas ser rigorosa na aplicação da lei. Mas nem sequer num exercício tão simples consegue ser competente. Voltando ao essencial, importa frisar a atitude honesta de Jardim, quando esclareceu, e de novo bem, que a “nossa grande lacuna foi não termos tido capacidade de finalização no 1.º jogo” da competição, precisamente com o FC Porto.

Isso mesmo e ainda a grande exibição de Fabiano. O seu realismo e frieza de raciocínio permitem-lhe ser um caso à parte, se preferirem, a exceção, pois Jardim, apesar de ser um excelente treinador como o tem demonstrado, é também um homem que pensa o que diz, pela sua cabeça, sem necessidade de ser correia de transmissão de quem quer que seja.

Fonte: Record