Wolfsburg - Sporting
 

O treinador do Sporting, Marco Silva, há muito que tem vindo a estudar a melhor forma de os leões ultrapassarem o Wolfsburgo. Para isso ser uma realidade, o técnico está a preparar uma espécie de “antídoto” para anular aquele que poderá ser considerado como um dos grandes perigos da formação germânica: a eficácia demonstrada pelos lobos nos lances de bola parada.

O maior poderio físico do Wolfsburgo – com Naldo (1,98m), Knoche (1,90m) e Bas Dost (1,92m) em destaque – faz com que os alemães consigam ganhar, com relativa facilidade, superioridade nas jogadas de laboratório, algo para o qual os jogadores leoninos já estão mais do que avisados. No entanto, e de acordo com informações recolhidas por Record, o plano de Marco Silva não contempla uma alteração nos mecanismos habituais da defesa: o Sporting vai continuar a apostar numa marcação à zona, mas deve reforçar o espaço imediatamente à frente da pequena área de Rui Patrício para, desta forma, impedir que os elementos mais altos do Wolfsburgo venham “embalados” de trás para a frente. Nesse sentido, Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo – os dois jogadores de campo mais altos que o Sporting vai apresentar amanhã no Volkswagen Arena – terão um papel determinante para que a missão sportinguista seja concluída com sucesso.

Rosell veste a pele de William

Perante a ausência forçada de William Carvalho (cumpre um jogo de castigo, depois do amarelo visto diante do Chelsea), Rosell será o jogador a ocupar a posição mais recuada do meio-campo e terá, tal como o companheiro de equipa, um palavra importante a dizer na forma como o Sporting defende. No entanto, a equipa leonina volta a ficar em défice com esta troca, já que o internacional português mede 1,87m e o espanhol 1,82m. Perdida a batalha dos centímetros, Marco Silva terá, obrigatoriamente, de explorar outras vertentes do jogo para equilibrar os pratos da balança.

É neste contexto específico que entra a tática: além do reforço na entrada da pequena área defensiva, o treinador verde e branco pretende que os seus jogadores apresentem uma grande mobilidade posicional para, desta forma, as compensações defensivas serem feitas com maior velocidade. A tudo isto aliam-se os níveis de concentração – que têm de estar sempre no máximo – e a solidariedade defensiva: se alguém falhar, terá de haver uma recuperação imediata das posições.

Schalke 04 serve de exemplo

Toda esta estratégia ganha especial relevo quando acompanhada pela estatística das duas equipas no que a bolas paradas diz respeito.

Esta temporada, a equipa às ordens de Dieter Hecking já apontou 16 golos em 29 jogos oficiais. Em detalhe: 9 após a marcação de cantos; 5 através de livres diretos e 2 na sequência de livres indiretos. Por outro lado, o Sporting sofreu 10 golos de bola parada, com destaque para os encontros na Liga dos Campeões: Chelsea (duas vezes) e Schalke 04 (três) bateram Rui Patrício na sequência de jogadas de laboratório.

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Velocidade nas transições

Uma das preocupações de Marco Silva passa pelo momento defensivo, mas o foco do treinador não se limitou a isso. O Sporting vai à Alemanha com o objetivo de marcar e, por isso, o trabalho semanal também passou pela forma como os leões podem aproveitar as debilidades doWolfsburgo. O ritmo das transições será importantíssimo neste contexto: Adrien e João Mário terão a tarefa de imprimir a velocidade que Marco Silva deseja na circulação da bola e, no ataque, Nani, Carrillo e Montero terão de ser igualmente rápidos a processar. Esta será uma das formas de fugir à capacidade física dos alemães.

De Bruyne é o rei das assistências

Kevin de Bruyne é o rei das assistências do Wolfsburgo. O médio-ofensivo soma 15 passes para golo, 6 dos quais na sequência de bolas paradas (cantos ou livres indiretos). Além destes números, o camisola 14 é também um elemento muito perigoso em frente à baliza, contabilizando, até ao momento, 11 remates certeiros nos 29 jogos com a camisola do Wolfsburgo. De Bruyne, de 23 anos, é um dos elementos mais importantes para Dieter Hecking, tendo sido utilizado em todos os jogos oficiais de 2014/15. Um elemento que merecerá uma atenção especial por parte de Marco Silva.

Um gigante multifacetado

A capacidade de desequilíbrio do Wolfsburgo nos lances de bola parada deve-se, em grande parte, ao gigante Naldo. Do alto dos seus 1,98m, o internacional brasileiro, de 32 anos, já apontou esta temporada 6 golos – todos na Bundesliga –, 5 dos quais na sequência de jogadas de laboratório. Ocamisola 25 é especialmente perigoso nos cantos (3 golos), mas também consegue ser letal nos livres diretos (2 golos).

Além da eficácia na concretização, a imponência física de Naldo faz com que o central consiga “arrastar” consigo a marcação adversária, abrindo autênticas clareiras nas suas costas, as quais podem ser devidamente aproveitadas pelos companheiros de equipa.

Este perigo iminente para a baliza de Rui Patrício foi devidamente identificado por Marco Silva que, mesmo sem promover uma marcação direta ao defesa-central do Wolfsburgo, já alertou os jogadores leoninos para a necessidade de estarem muito atentos, não só ao brasileiro, como também à sua movimentação nos lances de bola parada.

Contrariar o fator casa

O Sporting chega hoje à Alemanha com o objetivo de contrariar o teórico favoritismo do Wolfsburgo para esta eliminatória – sustentado não só pela classificação no campeonato, mas também pelo investimento feito em Schürrle (ex-Chelsea), que custou 32 milhões de euros.

No entanto, a julgar pelos resultados conseguidos pelos lobos em casa em jogos da Bundesliga, a tarefa da formação verde e branca não se adivinha nada fácil: em 11 encontros disputados no Wolksvagem Arena, a equipa do português Vieirinha ganhou nove vezes e empatou duas.

No entanto, na Liga Europa o Wolfsburgo já não é assim tão intimidador, algo que poderá servir como importante “material de estudo” para os jogadores do Sporting nesta deslocação ao Norte da Alemanha: em três jogos disputados na fase de grupos, uma vitória (Krasnodar, 5-1), um empate (Lille, 1-1) e uma derrota (Everton, 0-2). Recorde-se que a formação germânica apurou-se no 2.º lugar do grupo H (10 pontos), logo atrás dos ingleses (11 pontos). Nesta fase das competições europeias, o Wolfsburgo marcou 14 golos, mas sofreu 10.