Ainda é cedo para se falar de grandes mudanças, só passaram dois meses desde as eleição de Bruno de Carvalho (BdC), mas o novo presidente do Sporting parece mesmo decidido a romper com o rumo que o clube tem levado nestes últimos anos – ou décadas.
A mudança para ocorrer verdadeiramente, e não passar de um conjunto de simpáticas boas intenções, vai demorar algum tempo, e dar muita dor de cabeça aos seus intervenientes (o presidente já admitiu que o próximo ano será o ano horríbilis para si e para a sua equipa), contudo, a maior dose de aspirinas terá de ser dada àqueles que têm feito do Sporting um bombo da sua festa. Nesses a dor será bem forte.
Com a recente bipolarização da liga portuguesa, o Sporting viu-se relegado para segundo plano, como tal (talvez devido à rivalidade histórica) as últimas direções optaram pela aproximação ao rival do Norte em detrimento do da Segunda Circular, opção mais desastrosa não poderia ter havido.
Pinto da Costa (PC) é um exímio defensor dos interesses do seu clube, nenhum passo, nenhuma declaração, nenhuma decisão é feita sem que os interesses dos F.C Porto saiam por cima, quem adere a esta politica é considerado amigo, quem faz frente vai para a lista negra. Ora, o clube de Alvalade escolheu ser um simpático amigo, com presidentes a elegerem o homem do Norte como modelo presidencial a seguir, transferências inacreditáveis a serem efetuadas, um capitão e símbolo da formação a forçar usar azul, e um constante silêncio em assunto que não agradavam ao chefe. Tudo isto teve um denominador comum, o beneficio dos Dragões, que assim conseguiram um gigante aliado na guerra contra o rival lisboeta. Perfeito para a estratégia divisionista azul e branca.
Pois bem, a recente troca de palavras entre BdC e PC a propósito dos valores da transferência de João Moutinho para o Mónaco é muito mais que um simples fait-diver, é a estratégia de mudança que o presidente leonino quer implementar, a ganhar os primeiros contornos práticos. O objetivo não é criar inimigos, mas sim acabar com relações de vassalagem, o Sporting não é nenhum clube regional auto intitulado de grande que precisa das migalhas do pai para crescer, é um emblema com títulos, história e adeptos, que só tem de olhar para baixo na pirâmide clubística portuguesa.
Obviamente que se o clube não possuísse os 25% da mais valia da transferência do médio português, este teria saído por um valor maior e James por um menor. PC defendeu os interesses do seu emblema, é completamente legítimo, mas aqui se vê o desprezo total por esta boa relação azul e verde. Outro presidente teria ficado com um falso sorriso na cara, e ignorado o que se passou, BdC achou por bem fazer cara feia.
Este foi o primeiro acontecimento que permitiu ao novo presidente mostrar que o paradigma da história mudou, se os interesses do clube não são acautelados está aqui alguém para acautelá-los, o clube simpático acabou. O processo de mudança é longo e cheio de obstáculos, mas ou me engano muito ou veremos PC com vários ataques de azedume para com o leão.
Excelente análise.
À anos que sonho com o fim desta aliança que só nos tem dado dissabores.
Parace que finalmente temos um presidente com os ditos cujos no sítio, para por esta escumalha no seu devido lugar.
Saudações Leoninas.
Concordo! Temos que romper com o passado e imprimir uma nova dinâmica ao Sporting, doa a quem doer