Tem-se dito muita coisa errada acerca da polémica em torno do atraso no início do FC Porto-Marítimo da Taça da Liga. Tudo se resolveria num futebol onde a entidade organizadora fosse verdadeiramente profissional e onde não houvesse a tentação permanente pela prevaricação só porque sim, pela vontade de mostrar que somos mais espertos do que os outros e que os podemos enganar. Mas infelizmente não é isso que temos.

Primeiro erro: que três minutos são uma margem mínima, que mesmo que comecem à mesma hora ninguém garante que os jogos acabem em simultâneo e que não se devia sequer discutir o assunto. Não é verdade. Três minutos não são um detalhe e a prova disso é que foi nesses três minutos que o FC Porto fez o golo da qualificação. E se assim fosse, então mais valia tirar do regulamento a obrigatoriedade de os jogos começarem à mesma hora: se a ideia é enganar a lei, para que serve a lei?

Segundo erro: que foi por causa desse atraso que o Sporting foi eliminado. Não é verdade. OFC Porto ganhou o jogo de forma limpa, marcou os golos que tinha de marcar dentro do tempo de jogo e sem ajuda do árbitro: o penálti sobre Ghilas é bem assinalado e, se o golo de Varela ao Penafiel era fora-de-jogo, também o Sporting foi poupado a um penálti no jogo com o Marítimo. O Sporting só pode queixar-se de já não ter tido possibilidade de reagir ao terceiro golo portista, porque já estava no balneário, mas isso ninguém lhe garantia mesmo que os jogos começassem ao mesmo tempo, tão tardio foi o golo portista. O que também vem esvaziar os argumentos a favor da inteligência no atraso do jogo. Se foi um estratagema propositado, só servirá de argumento a gabarolas em conversas de café também elas condenadas a evoluir.

Terceiro erro: que o Sporting pode ser reintegrado na competição ou que, por isso lhe ser impossível, mais lhe valia ficar calado. Não são verdade. É evidente que o dolo no atraso nunca pode ser provado e que há sempre mil e uma razões às quais atribuir este incumprimento: um guarda-redes que não sabia das luvas, um médio que se sentiu mal Só que ir daí a achar que por isso os leões não deviam queixar-se já é abusar da boa vontade daqueles a quem Paulo Fonseca chamaria “anjinhos”. Porque se estes casos existem é porque muita gente se cala perante eles. Ora, não se calando, Bruno de Carvalho também precisa de saber onde parar. Ameaçar jogar a próxima edição com juniores é um radicalismo inconveniente. A Taça da Liga, para o Sporting, é passado, mas também pode ser futuro. Além de que os juniores não fizeram mal a ninguém.