Estrela das estrelas no “seu” Egito, confessa a mágoa por ainda não ter conseguido mostrar à família verde e branca do que é capaz.

Está, por isso, empenhado em recuperar a condição física para poder, finalmente, conquistar um lugar no onze do Sporting. Nas alas, de preferência

RECORD – Chegou ao Sporting nos últimos segundos da janela de transferências de janeiro da última temporada. Que balanço faz destes primeiros meses de Sporting?

SHIKABALA – Acredito que ainda não passou tempo suficiente para que eu possa fazer uma avaliação correta. Ainda não consegui mostrar coisa alguma, mas estou cheio de esperança e vontade de o conseguir. Sei que tenho muito para oferecer ao Sporting. Aliás, o meu grande desejo é oferecer aos adeptos o título nacional que lhes foge desde 2002. Conseguir ajudar este grande clube a conquistá-lo seria tremendo.

R – O que aconteceu naquela noite de 31 de janeiro, a mesma em que ameaçou abandonar o futebol quando se apercebeu que a transferência para o Sporting podia abortar?

S – Os minutos que antecederam o envio da documentação por parte do Zamalek pareceram anos Foi duro Não quero pensar nisso, muito menos voltar a passar pelo mesmo.

R – Por que jogou tão pouco na época passada? Afinal, foram apenas 7 minutos e na última jornada

S – Porque cheguei em janeiro. Então, o plantel tinha o seu onze perfeitamente definido. Havia enorme harmonia entre os titulares mais regulares e não era fácil entrar na equipa.

R – E a condição física não ajudou

S – Pois não. Aliás, essa foi a principal razão que me impediu de conquistar um lugar. Afinal, a exigência física que encontrei no Sporting era muito maior da que estava habituado no Zamalek.

R – Podem os sportinguistas contar com o “verdadeiro” Shikabala nesta temporada?

S – Espero conseguir jogar regularmente durante toda a época É para isso que trabalho no duro; para conquistar um lugar.

R – Através da experiência adquirida na última época?

S – Claro! Aprendi muito. Sobretudo, fiquei mais consciente dos meus pontos fortes e fracos. Agora sei como trabalhar cada um destes aspetos e melhorar.

R – De quanto tempo ainda precisa para estar no auge fisicamente?

S – Estou a trabalhar duríssimo! Quero recuperar a forma e sei que estou mais perto de o conseguir porque agora comecei no mesmo patamar dos meus colegas. Recordo que cheguei em janeiro, já com a época em andamento. Agora, será mais fácil.

R – Quase não jogou na Taça de Honra, contra Belenenses e Benfica. Diz-se que não achou piada

S – Fiquei muito triste por ter ficado no banco e, sobretudo, por ter jogado tão poucos minutos nesse torneio. No entanto, tenho a perfeita noção de que não posso reservar lugar no onze só porque me apetece Este processo de adaptação é gradual e sei que tenho de trabalhar muito até o concluir com sucesso.

R – Posição 10, extremo Onde se sente como “peixe na água”?

S – Posso jogar nos dois flancos e nas costas do avançado, mas prefiro as alas. Sei que é a partir dali que mais facilmente consigo penetrar na defesa rival. Sobretudo, tendo em conta que, jogando a 10, terei mais adversários pelo caminho

R – E fora de campo, como é o seu dia a dia em Lisboa? Diferente em relação ao que estava habituado, não?

S – Se não estou a treinar, estou em casa. Ou então, a visitar amigos egípcios que, tal como eu, jogam em clubes portugueses. É uma cidade linda! As pessoas de Lisboa adoram o Sporting!

R – Foi uma mudança assim tão drástica em relação a Cairo, Egito, e Salónica, Grécia?

S – A minha experiência em Portugal mudou o meu estilo de vida por completo. Apesar de ter vivido essa experiência na Grécia, ao longo dos anos em que representei o PAOK, não há comparação possível, até porque já se passaram muitos anos e eu sou hoje um homem mais maduro

R – Depreendemos, então, que estamos perante a “adaptação perfeita” para um reforço oriundo de uma cultura bem distinta. É isso?

S – Na verdade, a minha adaptação foi perfeita e sei que o devo agradecer aos portugueses. Têm muito em comum com os egípcios: são apaixonados, calorosos. Sinto-me muito acarinhado em Portugal e só tenho de agradecer a todos por isto mesmo. Desde as pessoas que me abordam na rua, a quem trabalha comigo.

R – No balneário do Sporting, não houve, portanto, exceção

S – Pelo contrário! Posso garantir que o que mais me ajudou na adaptação a Lisboa e a toda esta nova vida, foi o facto de ter encontrado um balneário muito especial. Correu muito melhor e mais depressa do que estava à espera, graças à amizade de funcionários, colegas, treinadores.

R – Foi isso que mais o impressionou no Sporting?

S – Não só Do que mais gostei foi de ver que Bruno de Carvalho, o presidente, é extremamente ambicioso. Aliás, é incansável a puxar pelos jogadores e a pedir-nos a união necessária para conseguir feitos históricos para este clube e os nossos adeptos.