Ao fundo com os fundos. Em coerência com as posições defendidas há já mais de um ano, o Sporting está preparado para endurecer o combate à questão da partilha dos direitos económicos de jogadores, vulgarmente conhecida por TPO (“Third Party Ownership”). Os leões têm sido, reconhecidamente, dos principais impulsionadores deste debate, pelo que, sabe o nosso jornal, receberam com estranheza e até repúdio a denúncia conjunta das ligas profissionais portuguesa e espanhola, formalizada esta semana junto da direção geral da concorrência da Comissão Europeia, precisamente contra a proibição das TPO, decidida em dezembro pela FIFA (e para vigorar a partir de 1 de maio próximo).
Inaugurando a possibilidade de “sanções milionárias” ao organismo presidido por Joseph Blatter, Portugal e Espanha fundamentam a queixa relativa à extinção dos fundos na alegada violação de regras comunitárias de concorrência, bem como “liberdades fundamentais de estabelecimento, prestação de serviços, trabalho e circulação de capitais”.
Ora, determinado em levar esta luta até às últimas consequências, o Sporting não apenas discorda dos argumentos apresentados pelas ligas ibéricas como deverá colocar-se ao dispor da FIFA para apoiar, com todos os meios ao alcance, qualquer diligência que venha a revelar-se necessária, no âmbito do processo encetado pelas organizações lideradas por Luís Duque e o homólogo Javier Tebas Medrano. Os leões pretendem, no que toca em particular à LPFP, deixar bem claro que não partilham da sua tomada de posição, distanciando-se de uma iniciativa que contraria as ideias próprias do clube.
Transparência
Segundo Record apurou, um dos aspetos que para o Sporting é motivo de maior perplexidade, na denúncia à Comissão Europeia, prende-se com o facto de os subscritores da mesma considerarem os fundos uma ferramenta para manter o equilíbrio das equipas de menor poderio económico relativamente aos campeonatos mais poderosos mas nada referirem, em contrapartida, quanto à realidade das competições internas e às diferenças que existem entre os primeiros classificados e os restantes clubes. Uma contradição, argumenta-se em Alvalade. De resto, no essencial, o Sporting reitera desconfianças já manifestadas contra os fundos, que acusam de falta de transparência, tendo em conta o desconhecimento da origem do dinheiro ou de quem o faz movimentar. Problemas que, têm dito e repetido os dirigentes leoninos, podem ameaçar a “verdade desportiva”.
RAZÕES DO NÃO
QUEM É QUEM? A alegada falta de transparência dos fundos é um dos principais argumentos do Sporting para defender que o recurso aos mesmos deve ser proibido no futebol. Os leões dizem que não se sabe de onde vem o dinheiro nem a quem pertence.
VERDADE DESPORTIVA. O desconhecimento que rodeia estes instrumentos financeiros, aliado à potencial influência negativa sobre a gestão dos clubes, pode, segundo o Sporting, colocar em causa a integridade das competições. O mesmo se aplica às assimetrias provocadas entre os primeiros e os restantes.
CONCORRÊNCIA. O suposto benefício competitivo para as ligas mais fracas (com acesso a melhores jogadores) é, na ótica dos leões, falsa questão: os campeonatos mais fortes economicamente também usam estas parcerias e com vantagem por terem mais dinheiro.