
Talvez não haja ainda a noção do que se está a passar no futebol em Portugal, mas a verdade é que o sistema sobre o qual assentou a organização da bola indígena nas últimas décadas está a mudar. Por isso, há nervosismo. Por isso, estão a ficar muito bem delineadas as fronteiras entre aqueles que querem manter o “status quo” – porque beneficiaram com ele – e os que, cansados de serem gozados e roubados, pretendem novo paradigma.
É um caminho árduo e difícil porque, por exemplo, na arbitragem, o modelo que (des)regula o futebol, desde que se transformou em “indústria”, tem o alto patrocínio da FIFA e da UEFA, cujos organismos tornaram as federações (de cada país) suas escravas. A FPF, por isso, faz pouco, a não ser “manter as aparências”.
O Benfica deu o pontapé de saída. O desmantelamento do sistema, tal e qual como se aguentou durante anos, começou com o convencimento – da parte de Luís Filipe Vieira – de que o Benfica teria de aproveitar a sua enorme “força social” para se afastar dos mecanismos que estiveram na base da edificação de um “novo império”. Durante os primeiros anos da sua presidência, Vieira estava convencido da “amizade segura” de Joaquim Oliveira, quiçá a figura com maior responsabilidade na consolidação de um sistema que alavancou as vitórias do FC Porto. Teve de se sentir enganado e prejudicado muitas vezes para aceitar a constatação. E foi por isso, através desta sumária razão, que nasceu a Benfica TV e a vontade de não continuar a promover um determinado poder, através das renovações contratuais com a PPTV/Olivedesportos.
Este passo correspondeu ao momento da “revolução” e é bom que se tenha a noção da importância histórica desta decisão, porque foi ela que permitiu o (actual) PREC futebolístico.

Como em todas as revoluções, há sempre um tempo de avaliação dos danos. Vivemos esse tempo. Joaquim Oliveira sofreu um grande revés, perdeu parte significativa do poder, mas – apesar de nada ser como dantes – continua activo e a tentar fazer valer as suas influências.
Não é por acaso que Joaquim Oliveira e Pinto da Costa sempre se mantiveram juntos e unidos e não é por acaso que o “FC Porto de Pinto da Costa” nunca se envolveu em nada de substancial que permitisse a evolução da indústria do futebol em Portugal.
O que se está a passar com a Liga de Mário Figueiredo, e a pressão da sua destituição como presidente, é a prova de que essas influências ainda se fazem sentir. Principalmente junto daqueles que beneficiaram, durante anos, dessas influências. É bom ter a noção de que a sobrevivência de uma esmagadora maioria dos chamados “clubes profissionais” fez-se através das verbas relativas aos direitos televisivos e a pagamentos adiantados (cerca de 70% das equipas que participam na principal prova do futebol português estão dependentes do dinheiro das transmissões televisivas). Com isso condicionaram-se decisões e muitos tiveram de se remeter ao silêncio. Foi assim que o famigerado “sistema” se manteve intacto durante anos e anos.
O presidente da FPF está a evidenciar um sentido táctico notável. Joga em todos os tabuleiros. Guindou-se a uma posição de relevo com o alto patrocínio de Joaquim Oliveira e, agora, chegado aonde queria, falta-lhe dar a estocada final: acabar com a Liga. Acabar com a Liga (e com a visão reformista de Mário Figueiredo) é a manifestação e a consolidação de um poder e, ao mesmo tempo, a vingança de alguns dos seus apoiantes.
Estamos, pois, em pleno PREC e o contributo dado, agora, pelo Sporting, com um conjunto de reformas que visam transformar a face do futebol em Portugal, sempre muito pouco atreito à mudança, enquadram-se nesse movimento de transformação.
A arbitragem é o sector mais sensível e aquele em que vai ser mais difícil mexer. Veja-se a reacção de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, ao pacote de medidas apresentadas por Bruno de Carvalho: “Ideias do Sporting não melhoram nada”.
Percebe-se a afirmação: Vítor Pereira tem, hoje, um poder no futebol português que mais ninguém tem: gerir as nomeações a seu bel-prazer. Sem ter de se justificar. Sem ter de explicar critérios. Nada.
É neste sentido que, não deixando de criticar os excessos, às vezes próximos de fórmulas antigas, saúdo o papel vanguardista de Bruno Carvalho. Algumas das suas propostas não são novas, mas é bom que faça valer a sua força para tentar tirar o futebol português do marasmo. Mas, ao comprar uma “guerra”, terá de estar vigilante
Fonte: Record
estupido
Partilhem, partilhem, partilhem!!!
este mouro so diz desparates e do benfas
As verdades nunca doeram tanto como agora mas ainda se vai ouvir falar muitos de certas coisas e muitos menos de certos senhores que manipularam o futebol a seu belo prazer até algum tempo atrás á 15 dias alguém criticou viamente os árbitros para na semana seguida ver vir dizer precisamente o contrário temos pena mas o reinada está para acabar.