Oriundo do Sport Recife, o central chegou ao Sporting como um perfeito desconhecido, mas terminou a época como um dos mais utilizados. O balanço é muito positivo, mas a potencial transferência do argentino assusta.

Record – Que balanço faz da sua primeira temporada no Sporting?

Maurício – Foi um ano muito positivo, o meu primeiro fora do Brasil. O começo foi um pouco complicado, até porque não é fácil a adaptação a uma nova realidade. Mas tive a ajuda dos companheiros, do meu treinador Leonardo Jardim, e pude crescer de rendimento. Rapidamente fiquei à vontade e comecei a mostrar o meu melhor futebol.

R – Como surgiu a oportunidade de jogar no Sporting?

M – Estava no Sport Recife e o Sporting foi ao Brasil para disputar um jogo de preparação contra o Náutico [inauguração da Arena Pernambuco, no dia 22 de maio de 2013]. O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi acompanhar um jogo do Sport Recife, gostou do meu potencial e procurou a minha contratação. Rapidamente chegámos a um acordo e fui para o Sporting, clube com o qual tenho contrato de mais quatro temporadas.

R – Como analisa a temporada do Sporting? Não ter conquistado o título chega a ser um fracasso?

M – Não vejo as coisas dessa maneira. Sendo realista, o Sporting montou um plantel que iria discutir os primeiros lugares, mas ser campeão não era o principal objetivo. O clube passava por um momento financeiro complicado. O Benfica estava muito melhor, tinha mais dinheiro e possuía uma equipa que jogava junta há muito tempo. Lutamos muito. Brigámos até faltarem quatro jornadas para o final da Liga, mas não conseguimos. No entanto, a sensação que fica é de um serviço bem feito. A equipa tinha ficado no 7.º lugar na temporada anterior, posição que tinha sido o seu pior desempenho. Mostrámos poder de reação e acabámos na 2.ª posição, o que nos deu uma vaga direta na próxima edição da Champions.

R – Fala-se muito que o Sporting foi prejudicado pela arbitragem em alguns jogos e que isso atrapalhou na luta pelo título. Concorda com isso?

M – Sim, é verdade. Aconteceu exatamente isso. Em vários jogos, perdemos pontos por erros dos árbitros. Lembro-me de uma partida, por exemplo, contra o Nacional [0-0]. O jogo estava empatado e o Slimani fez um golo legítimo de cabeça que acabou por ser mal anulado. Foi marcada uma falta absurda, que ele não cometeu. Naquele dia, tínhamos vantagem sobre o Benfica. Eles ganharam, diminuíram a diferença e começámos e perder força. Daí para a frente, empatámos alguns jogos em casa de forma infantil e acabámos ultrapassados pelo Benfica, que acabou por conquistar o título.

R – Se pudesse dar uma nota ao seu desempenho na primeira temporada, que nota seria?

M – Não gosto de fazer isso, pois não sou uma pessoa assim. Cobro-me muito sempre para mostrar o melhor. Deixo a avaliação para os críticos especializados. Pelo que falaram, acredito que estive a um bom nível.

R – Fala-se muito da possível saída do Marcos Rojo, o seu companheiro na defesa… Como vê essa possibilidade? O que é que isso representaria para o clube?

M – A saída de Rojo seria uma perda enorme. É um excelente jogador e uma excelente pessoa, um dos melhores amigos que tenho dentro do clube. Está no Mundial e vou torcer para que ele faça uma excelente competição. Criámos um entrosamento: ele é canhoto, eu jogo pela direita. Um completou as deficiências do outro. Se ele acabar por sair, será mau… Basta ver o desempenho defensivo da equipa. Se compararmos o número de golos sofridos da penúltima temporada para esta última, é possível perceber que o desempenho melhorou substancialmente.

R – Quais os seus planos de futuro?

M – Tenho mais quatro anos de contrato e meu desejo passa por continuar a representar o Sporting. Estou a aprender, a crescer e a gostar muito deste clube. Fui revelado pelo Palmeiras e passei lá 14 anos da minha vida. Mas hoje sinto-me muito feliz. Aliás, posso mesmo dizer que gosto mais do Sporting do que do Palmeiras e isso reflete-se no meu futebol. A estrutura é maravilhosa, todos me acolheram muito bem. Não tenho nada para reclamar.